- outubro 3, 2024
- 8:17 pm
Fatima Raimondi
Fatima Raimondi é uma executiva com ampla experiência em liderança, tendo atuado como Presidente da Ericsson e Gerente Geral Latam na Acision. Também participou do Conselho Consultivo na empresa Melitta e no Comitê de Pessoas do Conselho da Natura.
Por que se tornar um investidor-anjo?
O termo investidor-anjo é usado para descrever pessoas que investem em ideias inovadoras apresentadas por startups, ajudando-as a desenvolver e expandir seus negócios. Esses empreendimentos, por sua natureza, envolvem riscos, pois muitas vezes as ideias em que se investe ainda não estão comprovadas no mercado. Os motivos que levam alguém a se tornar um investidor-anjo podem variar bastante e, a seguir, comento algumas razões pelas quais entrar nesse ecossistema pode ser interessante.
Propósito e impacto social
Alguns investidores-anjo desejam se unir a empreendedores para apoiar equipes, empresas e missões nas quais acreditam. Muitas vezes, esse tipo de investimento está relacionado ao propósito pessoal. Esses investidores buscam projetos alinhados aos seus interesses e valores, sentindo que, além de obter retorno financeiro, estão contribuindo para uma causa maior. Ao financiar startups, eles desempenham um papel crucial na promoção da inovação, ajudando a moldar o futuro, criar empregos e estimular a economia. Em alguns casos, o impacto é sentido diretamente nas suas comunidades, promovendo o desenvolvimento local.
Networking e aprendizado contínuo
Outro grande atrativo é a oportunidade de fazer networking e construir novas conexões. O envolvimento no mundo dos investimentos anjo proporciona acesso a uma rede de empreendedores, outros investidores e especialistas do setor. Isso pode abrir portas para novas oportunidades de negócios e colaborações, ampliando o cenário profissional do investidor. Além disso, ser um investidor-anjo incentiva o aprendizado constante. Acompanhar as tendências de mercado e avaliar modelos de negócios permite que o investidor desenvolva ainda mais sua expertise, além de proporcionar insights valiosos sobre setores variados.
Diversificação e alto potencial de retorno
Para alguns, a motivação está na possibilidade de diversificar o portfólio de investimentos. Ao incluir startups entre seus ativos, os investidores podem diluir os riscos inerentes às flutuações do mercado tradicional, ao mesmo tempo que se expõem a oportunidades de alto retorno. Startups bem-sucedidas podem gerar retornos expressivos, que variam de 5 a 50 vezes o valor investido inicialmente, tornando esse tipo de investimento atrativo para quem está disposto a assumir riscos maiores.
O papel das redes de anjos
Fazer parte de uma rede de investidores-anjo facilita o processo de descoberta desse universo repleto de oportunidades de crescimento pessoal e financeiro. O conhecimento coletivo de uma rede melhora a tomada de decisões, oferecendo insights valiosos sobre potenciais investimentos. Além disso, redes de anjos geralmente permitem que seus membros façam aportes menores do que fariam em investimentos individuais, o que facilita a diversificação dos portfólios. Outra vantagem é o acesso a um fluxo contínuo de oportunidades de investimento que já passaram por uma análise inicial. Isso permite que os investidores escolham entre startups que já foram previamente avaliadas pelo grupo, o que reduz o risco de más decisões.
Desafios e diversidade no cenário brasileiro
No Brasil, ainda há uma falta de conscientização sobre o investimento anjo, tanto entre investidores em potencial quanto entre empreendedores. Essa lacuna de conhecimento limita o crescimento do ecossistema, já que muitos desconhecem os benefícios e os processos envolvidos. No Brasil, o número de investidores-anjo é relativamente baixo, estimado em cerca de 0,04% da população. Para efeito de comparação, esse percentual é de 1% nos Estados Unidos e 0,08% na Suécia. Além da falta de conscientização, outro desafio é a diversidade no setor. O perfil dos investidores-anjo no Brasil é maioritariamente composto por homens brancos, com pouca representatividade de outros grupos demográficos. Essa falta de diversidade pode limitar as perspectivas e oportunidades no cenário de investimentos, além de restringir o crescimento da inovação no país. O Brasil tem muito a ganhar com o crescimento do investimento-anjo, especialmente no estímulo à inovação, no desenvolvimento econômico e na criação de empregos. Ser parte desse movimento é uma oportunidade não apenas de colher grandes retornos, mas também de participar ativamente da construção de um futuro mais dinâmico e inclusivo.
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