Caio Uehara Martins

Caio Uehera Martins foi Startup Manager Intern da FEA Angels durante o ano de 2024 e responsável pelo gerenciamento da rotina dos comitês de avaliação.

A importância de um bom Comitê de Avaliação

Investir em startups nos estágios iniciais, como ideação e validação apresenta riscos significativos para investidores-anjo. Nessas fases, as empresas emergentes ainda estão desenvolvendo seus produtos ou serviços e buscando validação de mercado, o que resulta em um alto grau de incerteza. Dessa forma, Seed/Angel Capital costumam ter uma probabilidade de insucesso alto, tornando o investimento mais arriscado.

Estágios de investimento da Startup (Valley of Death)

Porém, conforme a startup avança para estágios posteriores, com a tração e escala, o modelo de negócio tende a ganhar validação, como o produto ou serviço passa a ser testado e aprovado/reprovado pelo mercado, os resultados começam a aparecer com indicativos mais claros sobre o negócio. Nessas fases, o risco para o investidor diminui, embora ainda exista, pois a empresa enfrenta desafios relacionados à expansão e à concorrência, como também a provável reformulação do modelo de negócio e do produto.

Agora, voltando para o universo do investimento anjo, deve-se como um bom investidor identificar previamente quais startups possuem maior potencial de sucesso, o que é um desafio significativo, especialmente devido ao histórico limitado e à pouca validação desses negócios. Para mitigar os riscos, investidores podem adotar diversos critérios de avaliação, como análises financeiras, características do produto, definição de teses de investimento, perfil dos fundadores, composição da equipe, tecnologias, setor de atuação etc. Cada investidor atribui pesos diferentes a esses critérios, baseando-se em sua própria experiência e expertise.

No período que estava no Comitê de Avaliação dentro da FEA Angels pude observar que a decisão de investimento dentro da rede se resumiu pelos seguintes critérios:

1) Founder/Problem Fit: Porque devo acreditar no Founder para resolver o problema proposto, o quanto ele tem de profundade dentro do contexto e quanto ele consegue impactar com uma possível solução?

2) Market Opportunity: Qual o tamanho do mercado e a oportunidade de entrada? E como a solução proposta tem haver com esse mercado?

3) Early Validation: Como a Startup sabe que a solução de fato é uma solução?

4) Pitch: Prova de convencimento de que existe um problema a qual a Startup pode resolver e como ela fará isso.

5) Business Plan + Financials: Planejamento do que será feito com o investimento. O investidor precisa saber no que o dinheiro dele impactará o negócio e qual a projeção da empresa, tanto em aspectos financeiros quanto estratégicos.

6) Price to enter and Captable: O percentual obtido em relação ao cheque de entrada e como está a divisão do Captable. Captables desestruturados são péssimos e muito dificilmente vão levar a boas captações.

7) Involvement of All Investors: Como os outros investidores estão recebendo a Startup? Quem já estava nas rodadas anteriores, qual a posição deles?

Sendo que, do meu ponto de vista, percebendo como os investidores da rede observavam as Startups, o mais importante critério é o Founder/Problem Fit. Isso, pois devido a pouca maturação da Startup, quase todos as informações do negócio são imprecisas e podem sofrer mudanças ao longo do tempo, sendo assim, uma constante em todo processo da Startup é o engajamento e experiência do Founder em relação ao problema abordado e capacidade de dele de transformar o negócio ao longo do tempo

Um ponto destacável que notei é que o investidor anjo gosta que o Founder seja consistente sobre seu conhecimento do problema e composição do seu negócio. Também mostra que está assumindo risco, mas acredita na sua ideia, de forma a apresentar a confiança da Startup em planejamento.

Com tantas variáveis, como proteger meu investimento nas startups? Dentro da FEA Angels,  isso é realizado por meio do Comitê de Avaliação. Ele é um formato que protege a rede de investimento anjo, reunindo investidores experientes com conhecimentos diversos, de forma a realizar uma análise multifacetada das oportunidades antes de qualquer decisão de investimento. 

Ao integrar perspectivas variadas, o comitê assegura que as startups sejam avaliadas de maneira diversificada, considerando aspectos financeiros, operacionais, de mercado e de capital humano. A atuação conjunta no Comitê de Avaliação não apenas aprimora a qualidade das decisões, mas também fortalece a rede de investidores, promovendo a troca de conhecimentos e experiências. Essa colaboração resulta em escolhas mais informadas e alinhadas, aumentando as chances de identificar e apoiar startups com elevado potencial de crescimento e sucesso no mercado.

Em resumo, um Comitê de Avaliação bem estruturado é fundamental para que redes de investimento, como a FEA Angels, possam identificar e selecionar startups promissoras de forma eficaz, equilibrando os diversos critérios de avaliação e aproveitando a diversidade de experiências de seus membros para tomar decisões de investimento mais assertivas.

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